O teto grisalho nas organizações

 

Estamos vivendo o que o que os especialistas chamam de “Bônus Demográfico”, que é o período em que a força de trabalho é maior do que o número de pessoas que não produzem. Com o envelhecimento da população e a diminuição nas taxas de natalidade, as projeções apontam para um fato inédito no Brasil: em 2050, a faixa de pessoas entre 40 e 50 anos será a maior em relação a todos os demais segmentos etários (IBGE, 2013).

Qual será o impacto disso nas organizações?

Embora a demografia venha discutindo sistematicamente o envelhecimento, o debate ainda é raso nas organizações. Fala-se em integração geracional mas não se discute a quebra de barreiras para que pessoas mais velhas possam manter-se ativas no Mercado de Trabalho. 

 

A demografia organizacional deveria espelhar a diversidade da sociedade na qual ela se insere. Porém, quais são as empresas que efetivamente estão revisando suas práticas e adequando suas políticas a este novo cenário?

Sabe-se que, dentre estas práticas, uma das maiores barreiras é o processo seletivo. Pessoas com mais de 50 anos são as que têm maior dificuldade de recolocar-se no Mercado de Trabalho, isto é resultado de estudos, fato comprovado. O que as empresas estão fazendo para mudar isso, lembrando que nossa expectativa de vida hoje é de pouco mais de 75 anos?

A ínfima participação de profissionais com mais tempo de casa ou mais idade em programas de treinamento e desenvolvimento não consiste em uma prática exclusiva? Como a empresa argumenta a falta de atualização das pessoas se não as incentiva a fazê-lo? 

Políticas relacionadas à idade são praticamente inexistentes em nossas empresas, exceto a aposentadoria compulsória, que em muitas empresas costuma ser com 60 ou 65 anos. Sim, temos um teto grisalho e é um tabu falar dele. Como uma curva normal, nossa trajetória vem num crescente durante a vida e, de repente, somos convidados a nos retirar...

 

Ao sair da empresa, o profissional terá ainda uns 20 anos de luta pela frente. Onde está a tal responsabilidade social de que tanto se fala?

 

Enquanto as organizações não mergulharem seriamente nesta discussão, não avançaremos. O envelhecimento é um ponto fundamental a ser considerado nos debates sobre Diversidade, pois todos passaremos por isso, independente de gênero, cor, deficiência ou qualquer outro aspecto que ela envolva.

Artigo de Fran Winandy publicado em 14/06/2018 no LinkedIn